Oração de Papel
Num papel qualquer deixei as palavras para trás e fui passear…
Na primeira esquina, deixei meu coração amarrado num poste qualquer…
Se me seguires decida pegá-lo logo ou deixe-o ser encontrado por aí… livre… flutuando pelo ar.
Gosto da brisa que refresca, gosto do fogo que incendeia…
Da luz que clareia… do menino que semeia…
E o que semeias neste peito?
Neste peito tão ressacado como o chão do nordeste…
Tão rarefeito como o ar nas mais altas montanhas…
Tão dolorido quanto o mertiolate de quando éramos crianças…
Das dores, das saudades, da falta de ar, da falta de amar…
Mas, se quiser amarrar meu coração ao seu,
Desapega dessa vida corrida, acalma-te junto ao meu peito…
Entrega-te para a chuva, dança comigo… Deixa te guiar ao infinito.
Joga-me teus beijos, teus olhares, teus desejos…
Finda vida nossa, nessa terra encharcada de gracejos…
Nem luzes, nem cruzes, nem percevejos… Amém.
No futuro, espero que a corrida da vida seja bem maior do que este caminhar lento e amedrontado do agora.
Talvez o passo arrastado do hoje garanta um futuro corrido, sem monotonias…
As questões da vida são escarradas a cada momento, nos modificando, nos ampliando mentalmente.
Não quero uma vida de castelos e cavalos brancos… Não!
Eu quero envelhecer numa casa no campo, olhando a vida por uma janela de céu azul…
Pois, nem toda brisa me traz frio, e nem todo sol me traz calor…
Mas, toda chuva que molha meus pés também leva meus pensamentos ruins…
Nem tudo está ou é como vemos, mas, sim como sentimos.
Confusão? Nem sempre.
Certeza? Quase nunca.
A vida é esta roda gigante…
Às vezes estamos no topo, às vezes na base…
Nunca no centro.
Mesmo porque o centro é inerte…
Queremos sempre estar no giro, no movimento!
Roda Gigante
Naquela estação
Ligo o rádio e sintonizo você em pensamento…
No carro em movimento, ouço um solo de bateria…
E em seguida, o volume do sax aumentando naquela estação .
Na mordida dos lábios, percebo o quanto foi bom…
Na rua, sigo o reflexo das luzes em poças d’ água…
E o dourado das folhas, como resquício de outono, colorem o cinza da estrada…
E na rótula dos sentimentos, dou passagem para a esperança e boa sorte…
Assim, vou contando os pingos da noite para te ter de repente…